O meu amigo partiu
Não conheço o inicio da história do Rex, nem sei se esse era o seu nome verdadeiro, mas sei que este cão mudou a vida da minha família. O meu amigo partiu no dia 23 de julho, mas só agora me sinto capaz de escrever este post. Escrevo-o para lhe prestar homenagem e para alertar os meus leitores e a quem este post possa chegar que quando se adopta um animal é para toda a vida.
É difícil recordar-me ao certo em que dia é que o Rex apareceu à porta da nossa casa, mas lembro-me que ele apareceu lá por causa da Fofinha, a nossa cadela "emprestada" (tecnicamente ela é do meu vizinho, mas como passa os dias em nossa casa é considerada membro da família) e durante os últimos 7/8 anos assistimos à sua história de amor. Ele era enorme e ela pequenita, mas mesmo assim eram inseparáveis e às vezes até pareciam conversar.
Inicialmente, o meu pai não achou muita piada ao facto de ter um pastor alemão a rondar a casa, já que quem olhasse para ele podia pensar que era um animal perigoso, mas pelo contrário era super meigo e às vezes até acompanhava os miúdos da escola nas visitas pelo bairro. Como não sabíamos o seu nome começámos a chamar-lhe Rex e a verdade é que ele respondia e assim ficou.
Os anos foram passando e o Rex ganhou uma "casota improvisada" à porta da nossa casa, na qual ele fazia questão de dormir mesmo quando o tentávamos pôr na garagem por causa do frio. Ganhou também uma coleira e desse dia eu nunca me vou esquecer porque ele não estranhou quando lha coloquei, pelo contrário até parecia sentir-se importante, como se fosse finalmente "nosso".
Uma das coisas que o Rex mais gostava além de comer, sim ele comia bastante, era que lhe fizessem festas e quando alguém nos ia visitar ele fazia questão de se mostrar. Lembro-me também das corridas que ele dava atrás dos gatos e das vezes que ele saltava os muros para ir atrás dos cães dos pastores, mas a melhor memória que guardo era a de quando chegávamos a casa e ele estava à nossa espera a abanar a cauda feliz por nos ver.
À medida que os anos foram passando todos nós ficámos mais velhos e o Rex não foi excepção. Começou a ver mal, a ter problemas de locomoção, mas todos os dias cuidávamos dele e lhe dávamos os medicamentos necessários. Infelizmente, nos últimos meses o seu estado de saúde degradou-se muito e os meus pais já me andavam a preparar para o pior, mas eu não conseguia aceitar. Até que, no dia 22 de julho a minha mãe me ligou a dizer que o meu pai tinha encontrado o Rex com convulsões e o tinha levado para o centro veterinário. Durante as horas que se seguiram não consegui concentrar-me no trabalho, pois não conseguia pensar em mais nada a não ser no meu amigo e no medo de o perder.
Depois falei com a minha mãe e com o meu pai e a verdade é que há muito tempo que não o via assim tão desanimado, ou seja era possível que o Rex não sobrevivesse. Ainda assim, os veterinários tentaram tudo para o ajudar e nessa noite ele ficou lá internado. No dia seguinte, pela manhã ele faleceu, mas pelo menos teve toda assistência possível e um funeral digno.
Em suma: o Rex pode não ter tido um inicio de vida fácil, pois foi abandonado, não sei se porque a pessoa que o abandonou queria ir de férias sem encargos ou se não gostou que ele ficasse "tão grande", mas pelo menos nos últimos 7/8 anos ele teve uma família que o amou e que não o trocava por nada deste mundo. Acima de tudo teve o lar que ele tanto merecia e nós um amigo para a vida. Com isto, apenas vos digo: um animal é um amigo para a vida, por isso tratem-no bem!
PS: Esta foi a última fotografia que tirei ao Rex, na verdade não tenho muitas porque ele tinha medo de máquinas fotográficas, mas como podem ver ele era lindo.